O que forasteiros procuram?

7 jun 2022

Muitos anos atrás, comprei de uma designer inglesa que morava em Berlim, um anel que ainda tenho. Semana passada, procurei por ela durante muito tempo. A tarefa era específica e difícil por um motivo: minha esposa ama o tal anel e eu queria dar um presente especial de aniversário de casamento. Não encontrei nem a designer, que vou chamar de Ann, nem o anel, mas a busca permanece pairando no fundo dos meus pensamentos.

Na época, queria muito morar em Londres e eu não conseguia entender como alguém podia trocar meu sonho por outro. O que ela encontrou em Berlim que faltou na outra cidade? Minha mente, inocente, achava que ambas as capitais possuíam a mesma capacidade de proporcionar possibilidades e liberdades profissionais por serem cosmopolitas e efervescentes artisticamente. Além disso tudo, elas têm o clima. Qual é o sentido de trocar o conforto da sua cultura para buscar as mesmas coisas em uma língua desconhecida?

Pouco tempo depois, troquei o Rio de Janeiro, por São Paulo. Hoje, moro nos Estados Unidos, tenho amigos na Alemanha, Inglaterra, Austrália e, claro, em outros estados do Brasil. Sem saber, nove anos atrás, busquei uma única resposta da Ann. Ignorando que vidas são preenchidas por muitas perguntas. 

Talvez, a Ann estivesse fugindo de um passado marcado por negligência e inseguranças. Quem pode saber? Pessoas têm motivações diferentes e podem encontrar seus paraísos nos infernos de outros.

Forasteiros buscam esperança

Vim para Nova York atrás de oportunidades, mas não só. Sempre mudei de cidade buscando segurança em garantias abstratas. No meu primeiro livro (um roadbook que será lançado em agosto), conto a história de uma protagonista que sai de casa, muda de estado e, finalmente, deixa sua pátria. 

Nós, os forasteiros, compartilhamos a ansiedade de buscar quem somos na esperança de novos ares. Mas, ao longo da última década, descobri que ter segurança é estabelecer seus limites em si. É construir, todos os dias, caminhos para confiar na própria fundação. É ser o alicerce necessário para caminhar livre, aterrada em si.

Apenas quando nos conhecemos, que somos capazes de encontrar nosso espaço no mundo, defendendo ferozmente nossas fronteiras, independente de onde vivemos.

Como mensagem, quero lembrar que fixar suas raízes em uma cidade nova, com sotaques, climas e hábitos diferentes é um ato corajoso. É uma atitude de quem está tentando, antes de qualquer coisa, se encontrar. Mas também quero deixar claro que antes de sermos forasteiros em algum lugar, somos desconhecidos a nós mesmos. 

Tenha coragem para realizar seus sonhos!

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