“Atlas do Coração”: o livro sobre ter uma vida melhor

3 maio 2022

Comecei a ler o “Atlas do Coração” essa semana e quero discorrer sobre o assunto antes de terminar a leitura. A autora tratou, nos três primeiros capítulos, de temas que conversam muito com os que eu gosto de estudar. 

Primeiramente, quero falar sobre a palavra “conversa”. Apesar de ser doutora, a escrita de Brené Brown é fluida e lembra um bate papo entre amigas.

Em “O Poder da Vulnerabilidade”, a autora diz que não gosta de escrever livros, mas ama conversar sobre suas pesquisas. Sendo assim – num passado não tão distante – organizou um final de semana com amigas e gravou suas falas. O objetivo era reunir as ideias para escrever um livro que parecesse um bate-papo. Exatamente como o que estou lendo agora. 

O livro “Atlas do Coração” tem a intenção de ser um dicionário de emoções. Brené Brown é uma autora acadêmica, eu sou uma autora de sentimentos. Ela explica com comprovação científica, eu filosofo em cima de percepções.

Neste momento, por exemplo, estão rodando, no fundo da minha mente, processos automáticos de comparações que me envergonham. Eles ativam gatilhos para me desencorajar a escrever ou publicar essa crônica. Essa é só uma das atividades que acontecem no nosso cérebro o tempo todo. E, independente da nossa vontade, ativam nossas ações.

“Atlas do Coração” te ajuda a entender emoções

Em resumo, se eu não tenho consciência, nem sei nomear o que estou sentindo, essas emoções se alimentam de outras e crescem causando consequências psicológicas e até físicas. O psicólogo Guy Winch diz que depois de uma rejeição, a gente tem a tendência de aumentar a tolerância pela autodepreciação. Entrar neste ciclo é quase sempre inconsciente e pode ser perigoso.

Quando cheguei aos Estados Unidos, tive muitas crises de pânico. Uma consequência física do que se passava internamente. Me sentia oprimida por Nova York e, ao mesmo tempo, sobrecarregava a minha mente com comparações, medos, vergonhas e outros sentimentos que nem sei nomear.

No segundo capítulo do livro, Brené fala sobre inveja e ciúmes. Nos Estados Unidos, as pessoas usam “ciúmes” para descrever um tipo de inveja. Sentir ciúmes é socialmente aceito enquanto inveja é uma anomalia a ser escondida e eliminada. Aqui é comum usarem adjetivos “fofos” como “jelly” para descrever a admiração pelo o que a outra pessoa tem e você não. 

No Brasil, a gente não usa a palavra ciúmes para descrever inveja. No nosso país, inveja também não é socialmente aceita. Pra mim, a inveja é um tipo de admiração.

No livro que vou lançar, escrevi uma crônica inteira sobre o assunto. Eu acho que inveja é um sentimento normal e que devíamos tratá-lo como tal ao invés de reprimir e fingir que não existe. Na minha percepção, não lidar com a inveja não te faz superior, é só uma forma de auto enganação. Mentindo sobre o que você sente, você não terá que lidar com os sacrifícios que precisará fazer para transitar pela vida com consciência e conquistar aquilo que almeja.

A inveja e a admiração caminham juntas

Brené se aprofunda e explica que existem dois tipos de inveja. A primeira se traduz em: eu quero o que você tem, não quero que você tenha e quero te derrubar. Já a segunda, que eu chamo de “inveja não-prejudicial”, pode ser interpretada como: eu gosto do que você tem, gostaria de ter também, mas tudo bem você ter e eu não quero te derrubar. 

Eu acredito que a inveja e a admiração caminham juntas. Quando eu sinto inveja, minha mente não está interessada em prejudicar ninguém. Estou mais inclinada a aprender a história da pessoa, me inspirar nos passos que ela deu e construir o meu próprio caminho. Pode ser que essa seja uma característica da minha profissão. Antes de escrever, todo escritor é leitor. Um admirador de belas construções com as palavras. 

Ao meu ver, para que eu possa me beneficiar da admiração que sinto por alguém, preciso saber nomear o que me incomoda e ter coragem para mudar. Ser verdadeira com quem você é, e com o tipo de vida que gostaria de ter, é muito difícil. Falo por experiência.

Independente das nossas escolhas conscientes, nosso cérebro processa (o tempo todo) comparação, expectativas, inveja, raiva, rejeição e muitos outros sentimentos com os quais não gostamos de conviver. 

Meu ponto é (se é que preciso de um): enquanto a gente passar a vida nos escondendo de nós mesmos, vamos continuar repetindo erros e diminuindo nossas chances de sucesso. O livro da Brené Brown é uma tentativa de iluminar o que acontece dentro de cada um de nós para inspirar nossa melhor versão.

Ps: Se você gostou do texto envie para alguém que você acha que vai gostar também. Gostaria muito que ele chegasse na Brené Brown. Será que a gente consegue?

Tenha coragem para realizar seus sonhos!

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