Como escrever: os processos de uma escritora
11 out 2022
Há muito tempo que eu escrevo. Desde que eu me entendo por gente pra ser sincera. Escrevi a minha primeira ficção aos 8 anos. Era uma história sobre a Ana Clara, minha então professora da segunda série. Na história, Ana vivia na escuridão até descobrir a lua Clara. As duas se tornaram amigas e perceberam que uma iluminava a vida da outra.
Óbvio que eu não tenho mais esse arquivo, mas me lembro da mensagem desse conto até hoje. A ideia era me aproximar daquela professora tão enigmática. Depois disso, escrevi muitos outros contos, crônicas, poemas, peças de teatro, roteiros e o livro que acabei de lançar.
Produzo conteúdo para a internet desde 2018 e sempre recebo perguntas sobre como funciona o meu processo de escrita. Não é fácil responder essa pergunta, mas vou tentar nos próximos parágrafos.
Começo deixando claro que eu acho que eu e a escrita somos uma coisa só. Não existe separação. Não tem a Larissa pessoa física que está em um show curtindo a noite e a Larissa escritora que senta na tarde de terça-feira para escrever esse post.
Composições que coloco no papel são geradas por tudo que eu vivo, sinto e escuto ao longo dos dias, das semanas, dos meses e de toda a minha vida. Tudo que escrevo tem origem no mesmo lugar, seja uma crônica, um poema ou uma reportagem.
Escrever é um processo exigente
Além disso, eu aprendi – lendo outros autores sobre o mesmo assunto – que nós, escritores, somos caóticos. Não necessariamente a gente acha o nosso processo um modelo a ser seguido, mas é o único que funciona para gente.
É claro que eu tenho meus métodos para reduzir a confusão. Sem organização, esse não poderia ser o meu modo de vida. Artistas que não conseguem se organizar são o estereótipo: alguém com uma vida desregrada, quase incapaz de cuidar de si.
Dentro das minhas pretensões artísticas, eu precisava me sentir capaz de cuidar de mim. A minha realidade é achar palavras para descrever sonhos. Fazer disso um processo saudável exige regras, das quais eu gosto – inclusive, acho até coloquei isso no livro Tudo que aprendi em Nova York.
A verdade é que eu e a escrita somos amigas inseparáveis, como a Ana e a Clara do começo desse ensaio. Escrever ilumina a minha vida e é só através dos meus textos que a minha escrita existe.
PS. Alguns livros que gosto sobre escrever: Big Magic da Elizabeth Gilbert, Still Writing da Dani Shapiro e On Writing de Stephen King.