Esperança é essencial para uma vida feliz
10 maio 2022
Eu sei que escrevi sobre o “Atlas do Coração” na semana passada, mas eu tô obcecada com esse livro e preciso compartilhar meus últimos aprendizados. O assunto que quero tratar hoje é “hopeless” ou a falta de esperança. Brené Brown explica que, enquanto esperança não é um sentimento, a falta dela é.
Segundo os estudos da autora, a falta de esperança é um sentimento que acontece quando não conseguimos traçar objetivos realistas. E, mesmo quando somos capazes de ter um objetivo alcançável, temos baixa tolerância à frustração. A tendência, de quem vive sem esperança, é desistir depois de um fracasso.
Respira essa informação comigo: a falta de esperança afeta a forma como definimos nossos objetivos e nossa capacidade para conquistá-los. Quando um adulto está desesperançoso, ele não acredita ser capaz de conseguir o que gostaria.
A autora segue a explicação. Em seguida, nos apresenta a tese de que construímos nossa sensação de esperança durante a infância em relações baseadas em limites, suporte e consistência.
Eu sou uma grande curiosa sobre os impactos da criação infantil na vida adulta. Eu, como milhões de outras crianças com histórias familiares distintas, não tive a oportunidade de conhecer limites, suporte e consistência. Ao meu ver, as consequências da falta de estrutura são: autoestima frágil, dificuldade em criar metas realistas e baixa tolerância à frustração.
Brené Brown explica os efeitos da falta de esperança na vida adulta
Não reflito sobre esses assuntos como vítima. Antes de atingir a mim, o sistema que não me ajudou, atingiu os meus ancestrais. O que me intriga para falar sobre o assunto é a possibilidade de mudança. Não vejo a falta de oportunidade como condenação, pelo contrário. O que um dia foi falta, hoje é tema de estudos e crônicas como essa. É a minha sentença de liberdade diante do que foi estabelecido antes de mim. Pesquisar sobre o que eu não tive é abrir a possibilidade de quebrar o ciclo e construir uma vida baseada nas minhas escolhas e não nas minhas faltas.
No Brasil, repetimos padrões que, ao meu ver, estimulam a dependência emocional do indivíduo. O famoso “não fez mais que a obrigação” tão entranhado no nosso cotidiano é um aspecto cultural que não dá o suporte necessário para a construção da personalidade de um adulto emocionalmente saudável.
E, ao contrário do que pode parecer, crianças que não conhecem suporte emocional viram adultos mimados, inaptos para o mercado de trabalho, dependentes e irresponsáveis. Adultos precisam acreditar que são sua própria fundação para serem capazes de alcançar objetivos factíveis. É necessário ter um nível de clareza para se desapegar de velhos vícios comportamentais e não sucumbir ao tédio, insatisfação e falta de limites.
No meu caso, a construção da esperança – que traduzo um pouco como autoestima – é um processo diário. Com a maturidade, acho que tenho uma percepção mais realista do que quero para a minha vida. Gostaria de terminar o texto com uma reflexão baseada em observações. As consequências de uma criação sem esperança são adultos despreparados e infelizes.